“Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por compreendê-las.”
Bento de Espinosa. Filosofo

"rapadura é doce mas, no entanto, não é soft and crispy"

Francisco Bruza Espinosa , Desbravador da Bahia
"Olá Leitores, Muitissimo Boa Noite, Tarde ou Manhã. Vamos dar inicio a nosso teatro de palavras, Motivados pelo nada e patrocinados pelo tudo, inclusive por sua Tia."

Tenham um bom voo

Lucas Et Cetera Proa


Magalomania é um transtorno psicológico no qual o doente tem ilusões de ser Sidney Magal, em carne e osso!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Alter-ego da Solidão.

Ei, cachorro, venha aqui! Esta chorando?


Pequeno e maltrapilho cão de que vale a lágrima? Chorar por ai não vai adiantar. Atrasar também não vai. A gota de água salgada, rola e seca sobre seu pêlo marrom, e o mundo continua o mesmo, girando sobre seu eixo na mesma velocidade. 24 horas é o tempo de uma volta, e chorar só muda uma coisa. 1440 minutos de angustia, ou, contados, 86400 segundos de alegria. Oh, pobre canino não fique por essas calçadas imundas desse submundo a vagar. Sente se aqui, sobre o papelão sujo, e fale-me da sua vida de cão.


És um belo cão, não há porquê em lastimar da sorte.

Entendo que teve uma vida sofrida. Todos te chutaram, te difamaram, o chamando de sarnento, e te humilhando jogaram o pão cagado pelo diabo . Hoje, se vê um homem levantar a mão saí correndo, temendo um esporro ou uma pedrada. Não é por menos. Mas um dia você teve família! É mesmo, um dia você teve família, um lar-doce-casinha-de-cachorro. Pais e irmãos lhe davam atenção e afago. Tinha comida e abrigo. Pense a saudade também é um sentimento desejável, pois, no fundo, mede a beleza do passado. Que história interessante, canino,conte-me mais para que eu posso lembrar também da minha própria história. Faz tanto tempo, que nem das agonias da vida eu lembro. Eu não tenho saudades. Ou tenho?


Quer saber sobre mim?

Te conto, te contarei minha vida, das partes que eu assim lembrar, mas antes você deve saber que minha memória é mendicante, assim os relatos podem ser alterados dos verdadeiros. Que seja, contarei como puder e falarei das partes que me coração lembrar! Só te conto para lhe mostrar que não se deve chorar e sim rir, ainda que não se tenha mais dentes para isso. Eu tive família, esposa, não tive filhos porque não quis colocar mais rebentos nesse mundão de ninguém. Fui feliz, sou feliz. O cachorro ambulante que não abana mais o rabo, vivendo de lamurias, eu também teria todos os motivos para chorar. Mas não choro, meu estilo de vida não permite. Não me diga que eu sou um excluído da sociedade, pois assim estaria cometendo injustiça. Eu sou a nata da sociedade.

Como eu assim sujo e largado na rua posso ser a nata da sociedade? Te explico. Você que esta triste , por isso agora talvez você discorde do que te falo, mas se te falo é com toda a sabedoria que só a rua dá aqueles a quem acolhe. A rua me acolheu e me ensinou, e assim devia você também aprender com ela. Em que consiste a vida, hein cachorro em que consiste essa pedaço de luz passageiro? Te digo a vida consiste em viver, e nada mais, pois vivo por isso me alegro. Eu me exclui da sociedade, eu disse não as oportunidades que me deram. Eu escolhi ser mendigo quando minha mulher me chutou de casa, eu, quis, no fundo, que ela me largasse na amargura. Amargura não. E sim, plenitude de viver.


Posso te fazer um carinho?

Vou esfregar sua barriga e talvez você sinta-se mais calmo, e pare de chorar.

Viu?

Sente se melhor?


É assim.

Um dia o homem fui um macaco, que vivia livre pulando de cipó em cipó. Fui ai que o mais espertos dos macacos convenceu os outros a seguirem suas ordens, dessa maneira, os macacos estúpidos poderiam achar comida mais fácil e caçar com mais destreza, usando apenas as orientações do macaco sábio. Para isso o macaco inteligente pedia um pequeno pedaço do arrecadado, e vivia sem trabalhar. Seu trabalho era pensar. Só assim que o homem evoluiu, tutelado pelo macaco sábio. Pois bem, isso foi perdurando durante toda a existência do ser racional humano. Como eu sei tantas palavras? Sim, canino, eu sou estudado. Lhe disse, sou mendigo de opção, e por opção também converso com cachorros de rua como você.

Imagina o que pensariam de mim se me vissem falando com um cachorro?


Eu acredito que todos os homens podem ouvir os animais, temos uma língua comum, o coração, mas há aqueles que não o escutam porque só foram ensinados a ouvir o macaco sábio. Não aprenderam a pensar sozinhos. Agora eis o paradoxo. Eu sou o macaco sábio, vivo sem trabalhar e penso por mim mesmo. Eu como dos restos da sociedade, e por isso eles tentam me excluir, antes disso eu mesmo me exclui.


Cachorro entenda que nada faz sentido.

Não vale o seu choro, o desprezo, porque o desprezo nada mais é do que o aval para seguir seus próprios passos. Seguir o coração. Nossa mente busca causalidade, busca achar o sentido para tudo, mas lhe adianto que não existe sentido na causalidade. Pois veja, o que venho antes do mundo? Alguma coisa diferente, de certo! E antes disso? Outra ainda mais escabrosa. Então, em algum ponto, concorde comigo, não mais poderá se determinar o começo, pois o começo pode ser até mesmo o próprio fim. Se assim, como uma roda gigante galáctica, pode haver algum sentido causal nisso? Não.


Veja que o macaco esperto, aprendeu a inteligencia, e é essa a mesma inteligencia que temos hoje, de serventia, apenas, para controlar os estúpidos. Por isso nossa racionalidade só presta ao mascaramento, a engabelação.


Sua mão te largou, pois você foi um cachorro fujão e desobediente, mas ser fujão e desobediente não é na verdade ser cachorro?


Você é meu alter-ego.

Cachorro, você chora por aquilo que eu gostaria de chorar, não choro porque se chorasse nunca conseguiria ser mendigo. Se me culpasse provavelmente não poderia sequer viver. Mas você guarda dentro do seu peito peludo todas minhas angustias. O que me faz pensar, seria você o próprio cão, o Capeta, a me tentar. Querendo me arrastar a perdição e a danação do desespero? Porque então posso conversar com um maltrapilho de um cão, como se fosse algo normal.


Sei que a rua me enlouqueceu.

Mas a loucura do louco é o convencimento de sua insanidade. E “eles” me convenceram. Sou, por certo, estúpido mas minha estupidez é a de não aceitar a estupidez do mundo.


Se vive a espera do fim,

sob prantos sem fim,

pois, sim, deves rir de mim.


Sou mendigo e converso com cachorros encarnados do Capeta.


Mas se veio aqui para me tentar o Cornudo, suma já!

Tenho comigo toda a proteção divina destinada ao parvos. Sabe Gil Vicente? Só o louco entrou no céu. Nunca chamarás alguém de louco, cachorro! A santíssima bíblia sagrada condena.


Passa! Cão demoníaco, sou mendigo e não chorarei por minhas tristezas, só se é triste quando se tem ao menos comida. Os famintos não são tristes.


Passa.


(O cão afastou-se com medo do mendigo que berrava em plena avenida principal.

Achegando-se a outro morador de rua para tentar roubar um pouco de comida. Novamente o cachorro ouve o aroma alcoólico dizendo:)


- Cachorro chorão. Nuummmm Pode chorar aqui não.

Vem aqui cachorro , vou te contar minha vida.


6 comentários:

Unknown disse...

cachorrim bão

gordo disse...

ehhhhhh u texto ta bom mais
vc nm gosta de beatles

Anônimo disse...

AE IRMANDADE NINGUEM LE ESSA PORRA ESSE CARA NAO GOSTRA DE BEATLES ! REPITO , O ELEMENTO É PERIGOZO, ANDA DE BARRACA ARMADA E NAO GOSTA DE BEATLES !!!!

Anônimo disse...

"Se prepare
não se assuste
não me apague.
Talvez você se depare
com seu medo
bem no meio
da sua coragem" (Elisa Lucinda)
Assim como eu
tenho me deparado com meu medo
no meio de toda a minha vontade
que luta por tomar forma de coragem
e agir por conta própria
sem pedir licença
sem perguntar se é tarde...


o comentário??? rsss
hum, tava pensando em tantas outras coisas q esqueci...
entaum por que escrevi aqui?
pra quem gosta de coisas inusitadas!

p.s: vou continuar pegando no pé ;)

Babi disse...

Q fofinho! =)

Patricia Santos disse...

simplesmente perfeito!

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