"Olá Leitores, Muitissimo Boa Noite, Tarde ou Manhã. Vamos dar inicio a nosso teatro de palavras, Motivados pelo nada e patrocinados pelo tudo, inclusive por sua Tia."
Tenham um bom voo
Lucas Et Cetera Proa
Magalomania é um transtorno psicológico no qual o doente tem ilusões de ser Sidney Magal, em carne e osso!
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Cômodo vazio.
Um homem entra ansioso em casa. Ele, Médico de trinta e poucos anos, estava chegando do plantão na Zona Sul. Era feriadao no Rio, pagam melhor. É claro, todos os casados querem ficar com a família. Ele vai tirando os sapatos. Um par tira o outro, quase automático. Tem todos seus movimentos calculados para levá-lo em alguns segundos ao completo conforto. A saber, esparramado no sofá, sem camisa com um prato de comida na mão. Em procissão, foi do banheiro a cozinha, da cozinha a sala e da sala de novo a cozinha, voltando então a sala. Tudo com o controle na mão, incessantemente, mudando os canais. A sala à meia luz piscava refletindo as cores da TV. Solteiro convicto, Antunes estava feliz e até empolgado. Nada de novo, apenas apreciando a boa vida livre. Tinha uma enfermeira nova no hospital de botafogo que era uma graça. Vinte e seis anos, bronzeada e o melhor de tudo, era a típica maria-estetoscópio. Marcou um chopp com ela escrevendo algumas sacanagens no prontuario de um paciente que ela acompanhava junto a ele, sairia em algumas horas e provavelmente voltaria já de manhã. Mas ali esticado de frente ao aparelho luminoso parecia ter desligado-se de qualquer pensamento. Sintonizado no completo vazio. A sua saída da rotina também era rotina.
Ele só se deu conta disso quando a TV subitamente desligou.
“Eu aqui sentado olhando pra ela e penso em toda aquela baboseira de o tempo parar. Lembro de como o meu dia foi nada, e de como todos os meus dias tem sido TUDO. Tudo uma grande repetição de nadas. Agora vem ela e estraga toda a fantasia. Descobre a minha mediocridade, com um olhar. Eu permaneço forte, nada me abala. E o tempo para, a meu contragosto. ”
Frustrado na tentativa de religá-la, o homem se sente inquieto. A imposição de ficar sozinho naquele apartamento parecia perturbadora. À sua própria companhia, ele prefere um uísque. O amora era elaborado e a coloração perfeita, 18 anos de repouso. Ainda assim toda a paciência da fermentação se traduzia em rápidos tragos, secos e necessitados. Quase inconscientemente, ele foi atraído a varanda. Levando o copo e a garrafa. Fumava raramente, mas também levou consigo um maço que guardava para emergências, caso alguém morresse ou alguma convidada fizesse questão daquele cigarrinho pós noite. Encostou-se no parapeito junto ao seu kit. A samambaia seca, o banquinho empenado pela maresia e alguns ornamentos de nova era empoeirados marcavam o desuso da varanda. Um comodo esquecido.
“Eu tinha me esquecido. As vezes a vida toma outros ventos. Segue um caminho de encontro a foz de sí mesma, e nadar contra corrente é negar a sí, e isso não é da minha pessoa. Pra mim, é difícil lembrar dela. Desde sei lá quando. Não foi de repente, foi aos poucos, foi nessa varanda. Foi vendo meu passado passar. Era como se a juventude também passasse. Foi ai! E então eu descobri, era ELA.”
Depois de algumas puxadas no cigarro que ele viu. Era a praia de Ipanema em fim-de-por-do-sol carioca e os seus olhos já estavam hipnotizados. Aquela varanda, desejo de muita gente, ele ignorava a sua existência. Mais de ano que ele não abria aquela cortina. Por um segundo se sentiu dono de tudo aquilo. As cores no céu desfilavam uma paleta única. O contraste do tímido raio de sol com os postes de iluminação da praia davam um tom aurifico. Dourado bossa, brilhante como novela das oito. Os cariocas saindo do expediente encostavam o carro pelas ruas do bairro e iam parar em quiosques a beira mar. Uns tomam cerveja, outros jogavam futebol. Dava pra ouvir uma roda de samba que elegantemente tocavam a velha guarda . A Praia ignorava a existência dele.
Ele viu ela.
“E esse homem sou eu, e eu nem me reconheço mais. Faz um tempo que ela tinha sido minha namorada. Devia ter meus 26 anos. Achava que a vida era uma grande aventura. Ela era mais velha. Logo fomos morar juntos. Ela levou o piano herdado do avô para o nosso apartamento. Tocava Cool Jazz e Beatles. Também tinha seus momentos mais joplianos. Era uma aventura pra mim e quando eu me cansei eu fui buscar outra. Eu nem parei pra pensar. Não pensei como eu gostaria daqueles cabelos castanhos descoloridos pelo sol. Do sorriso largo e da gargalhada horrorosa que ela tinha. Ela se vestia sem drama, usava camisetas velhas. Gostava de todas as cores, mas se queria me impressionar usava vermelho. E se queria me impressionar muito usava preto. Sabia quando eu queria falar algo. Queria mudar o mundo, mas tinha preguiça.”
Ele passa os olhos e encontra um rosto conhecido. Ela ainda conservava aquilo. Um brilho, um toque. Parada no semáforo parecia estar ali esperando alguém. Ele? . E como num antigo clichê ela o encara nos olhos. Acena para ele. Ele imaginou que ela acenava para ele. Então ele vai na direção dela. E a abraça. Mas ele não é ele. Aquele é o marido dela. Forte ele se vira de costas para a praia. De fora ele vê um violão próximo ao sofá, ele o busca e se senta no banquinho. Dedilha algumas notas. Contrariado volta-se novamente para a praia, esperando intimamente encontrar ela. Ela não esta mais lá.
O telefone celular toca. Ele olha o número – Era ela.
“Não sei porque, mas por um segundo eu exitei em atender. O aparelho parou de tocar e eu ainda olhava para ele. Ela tinha me visto, ela tinha um carinho por mim. Mas não se pode mudar o passado. Eu errei e o sonho já estava borrado. Mesmo eu querendo falar com ela, não teria coragem. Não queria que ela me visse assim. Bitolado. Não tinha mais aquela vida. Aos 26 queria viajar e montar uma banda, queria viver a vida e queria usar a vida como uma droga. Gastá-la. Desperdiçá-la. Pensava que assim era que se vivia. Hoje eu comparo qual é o melhor seguro-previdência .Melhor pensar que o grande amor foi apenas uma ligação perdida.”
O homem fica um tempo olhando para o celular. Uma nova ligação aparece no visor. Era a enfermeira. Falou algumas palavras no celular. “Já to chegando” ou algo assim. Ele estava atrasado. Colocou uma roupa e quando estava para sair reparou que a TV já estava funcionando há muito tempo. Ele desligou a TV e saiu.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Sobre Gatos e Ratos.
Somos todos marionetes? Como assim? Que sentido teria então a mágica do mágico se somos todos bonecos do mesmo circo?
terça-feira, 13 de abril de 2010
O presunto ( ou a personificação alegórica da estupidez universal)
É torpe o motivo do meu crime. Digo, é banal a razão de minha prisão. Assassinato. Eu sei que falando assim, parece algo um tanto requintado. Assassinos tem moral aqui. “Matou quantos?” perguntam. Edgardo, meu companheiro de cela, sabe a verdade. A verdade de minha mentira. Ele não pode contar para ninguém. Ele é mudo de nascença e idiota por princípios. E caolho pela facada que levou da ex-mulher. Pensão alimentícia, é a desgraça do homem poligâmico. Lhe contei a verdade sobre a mentira numa de nossas intermináveis tarde e manhãs e noites carcerárias, eu e Ed em que tivemos capciosas discussões filosóficas. De metafísica a semântica. Naquela tarde nos empenhávamos em digredir sobre o que seria, o abstrato conceito, “inteligência”, foi que decidi que era bom que eu contasse minha história. Assumir-la, ainda que, em forma de confissão. Eu não acredito que a estupidez seja o oposto da inteligência. Cheguei a provar isso para Edgardo usando dialética e um maço de cigarros. Sabe, eu não posso acreditar. A estupidez é, sim, uma forma variada da inteligência. Um pouco mais burra, é claro. Meu relato, minha vida, é exatamente isso. A eterna dicotomia entre Sapienza e Imbecilidade. Ou bizarrices incoerentes. Poderia então um tijolo ser concretamente inteligente? Sim, na condição sin ne qua non de estar revestido de cimenti-cola.
Meu crime começa com um presente. Devia ter 13 anos quando ganhei do jornaleiro um romance policial. Ele vinha às tardes. Trancava-se no quarto com minha mãe, para discutirem assuntos editoriais. Enquanto meus olhos corriam as letras impressas, meus ouvidos estavam presos à porta do quarto. Ecoavam gritos. Eram de minha mãe. Ele batia nela. Ouvi os violentos estalos de mão contra carne. Minha mente se refugiava da impotência, do medo , naqueles delitos insolucionáveis do livro de ficção. Com as pernas atadas ao chão, incapaz, eu esperava aquilo acabar. Deixando as cenas literárias se misturarem com a angustia. Foi quando ele saiu do quarto, e reparando eu lia desesperadamente disse “ETA MENINO ESPERTO”. Esperto, sim. Senti a inteligência fluir em minha mente me levando a toda forma de realizar aqueles crimes de papel. Lia os nomes dos personagem mas enxergava aquele jornaleiro. Tinha de vingar minha mãe. Nos dias que seguiram, eu colori com imaginação aquelas idéias fictícias de um crime perfeito. Preto, Branco e Escarlate. Pincei, estudei e verifiquei todos os detalhes do crime, cada tique, cada macete subversivo. Um crime Magnifícque! Nunca me descobririam.
Mas minha obra-prima acabou sem uso. No dia seguinte quem começou a freqüentar minha casa foi o leiteiro. Até hoje não tomo leite. Lembro me de minha mãe saindo do quarto com leite por todo seu rosto. Assim foi que nunca realizei meus crimes. E conforme cresci tomei gosto por redigi-los pela madruga, regados a whiskey e embalados por um vitrolinha. Colecionei atentados dos mais maliciosos, audaciosos e pervertidos. Ninguém estava imune a minha máquina de escrever combinada a minha inteligência maquinada. Foram celebridades, sumidades, santidades e confesso até roubei algumas castidades. Solitárias, as letrinhas acalmavam minh’alma. Meu mundo escondido do mundo. Ali era invencível.
Vito Corleone ensinou. Existem aqueles que nascem predispostos, ou predestinados a matar. Eu não nasci para isso. Não sei se a inteligência me impedia de ser imperfeito, ou se medo me paralisava. Sem contar que tenho fobia de sangue. Às vezes acredito que foram as orações de minha mãe. Todo domingo, depois da missa, o padre Salvador Rizolleti vinha em casa rezar com minha mãe no quarto. Eram fervorosas as preces de mamãe. "DEUS DO CÉU" ela suplicava ao Salvador.
Um tempo depois acabei vindo como tantos outros tentar a sorte na capital. Nessa época trabalhava no Motel Oriente. Um emprego medíocre como camareiro noturno, que me dava tempo suficiente para fazer o que eu quisesse. Os dias eram tranqüilos. E as noites passavam como um gemido. Durante o expediente eu me recostava sobre uma cadeira capenga nos fundos da cozinha. A entrada de serviço deixava a luminosidade vermelho e roxa dos néons penetrarem no cubículo. Com a minha prancheta em mãos eu gastava horas desenhando obscenidades e rabiscando ideias para meus crimes. As luzes de fora piscavam, era como e tivesse em um cabaré particular. Era apenas a cozinha mal iluminada de um motel e lâmpadas com mal contato. Sempre dava para ouvir disco music vindo das suítes. As vezes um pouco mais que isso.
Quando me entediava ia até a recepção para sussurrar algumas safadezas para Agatha Cristina. Seu trabalho para alguns poderia parecer penoso. Conferir os RGs dos clientes, e lhes entregar a chave da luxuria. Para ela era puro prazer. Cristie, como gostava de ser chamada, era uma branquela de cabelos tingidos de azul. Tinha algumas dezenas de pircings e tatuagens que harmonizavam com sua silhueta magra, erotizante. Seus lábios eram pálidos e carnudos. Seus olhos penetravam sobre a pele de quem ela encarava profundamente. Rimel preto. Peitos pequenos e rijos. Na maior parte do tempo, eriçados. Ela adorava aquele trabalho. Se exitava imaginando os casais que entravam. Eu a via passar lentamente a língua sobres seus lábios séqüitos. Eu me exitava com ela. Mas a louca dava pra mudar de tara como se muda de calcinha. Dia é bigode e pegou o português da padaria, outro era tecido adiposo, chegou a namorar um lutador de sumo. Noutro gostava de suor e tinha bacanal na construção civil. Vez ou outra eu dava sorte, e era dia de nordestino. Arrastava-me ao minúsculo banheiro de funcionários e pedia para que eu sussurrasse meu nome em seu ouvido. Ribamar Raimundo Ramalho de Jezuis, dizia sensualmente lambendo sua orelha adornada de metais. Mas não era sempre assim, seus repentes aconteciam bem menos do que eu gostaria. Na inconstância a paixão foi crescendo. E Agatha Cristina habitava meus sonhos.
Numa dessas raras farras deixei cair um de meus planos. Agatha ficou maravilhada. Pensou que eu fosse algum tipo de Killer psicopata. Eu não neguei, talvez por vontade de agrada-la, talvez por vontade de que aquilo fosse verdade. A relação entre nos começou a esquentar. Via em seus olhos de pânico o mais intimo desejo vertiginoso. Mas eu fujia dela. Seria me enganar. Eu não merecia sua devoção. Apenas podia nutrir as esperanças dela, não resistia ao ve-la em erupção quando lhe contava uma carnificina. Ela ruborizava.
Decidi que minha hora havia chegado. Era o tempo de me graduar. Os tempos de estudos me davam gabarito suficiente para minha tese de conclusão de curso. Sentia me inteligente, Agatha me fazia sentir assim. Minha cruel inteligência seria testada. E eu já sabia quem seria a vítima. A estupidez.
Sidnaldo, o Gerente, era um gordo apaixonado por gordura. Digo literalmente, e não tinha nada de platônico nisso. Todas as noites ele deixava Cristie tomando conta e ia para a suite presidencial. Não se pode dizer que ele ia sozinho para lá. Estava aconpanhado de quilos de petiscos, entradas, pratos principais. O que era uma peculiaridade começou a tornar-se um estorvo. E eu era obrigado lhe entregar seus alimentos profanos. Bananas, Mamões, Salsichões, Baguetes, Mel e Castanhas, eram os seus parceiros preferidos. O sabor da comilança refletia em meu desgosto em vê lo em trajes sumários, por vezes com rodelas de chantilly sobre seus mamilos. Sim, a Gula é um pecado capital, mas quando misturado a luxúria já é putaria de celebridade. Sidinaldo era um hendonista, e nada tinha de célebre, a não ser sua pança. Há de se celebrar uma circunferência tão perfeita. Decidi que ele era a estupidez quando vi um noticiário sobre a fome na África. Ele devia ser o culpado pela subnutrição infantil. Ele merecia morrer, afinal depois de tanto comer seria justo que os vermes também se empanturrassem.
Olhei em meus arquivos, e achei um plano perfeito. Naquela noite eu carregava uma bandeja com um frango assado. Parei em frente a porta da suite de Sidinaldo. Encostei meu ouvido contra a madeira. "AI que DELICIA, ISSO vai mais! Quero toda a sua DOÇURA Creme Brulé." Estava enojado. Tinha que acabar com aquilo logo. Acabar com minha sina. Com meu medo. E com aquela comilança. Chutei a porta, sabendo que aquele ruido não atrapalharia a perfeição do crime, pelo contrario daria mais estética.
" Você pediu Frango?"
Ele todo lambuzado balançou a cabeça afirmativamente.
" Vai fazer companhia com essa galinha preta no inferno!"
Enfie a mão no recheio de farofa de passas e tirei um Mutchaco.
Calculei errado e precisei de alguns golpes extras para penetrar aquela gorda papada e atingi-lo na aorta. Mas nada que comprometesse a perfeição.
Tive uma longa noite de amor com Cristie. Ela estava perturbadamente adorando aquilo. Eu não estava ali. Eu estava no meu lugar segredo. Quando libertou-se de mim aquela energia, eu senti como se saísse daquela sala. Como se fechasse aquele livro. E desse um soco na cara do jornaleiro. Vejo o dente dele voando. Ele voando. E caindo no aparador, trincado o espelho. Sete pedaços. Meu reflexo estilhaçado.
"NOSSA!" Agatha grita. Ela nunca tinha sentido nada como aquilo.
Acordo com os investigadores, Policia criminal. Holminho é o chefe vasculhou tudo sem tira o cachimbo um vez da boca. O apelido era evidente. Ele é o Segundo idiota. Estúpido. Não acharam nada, não deixei pistas. Passaram alguns dias e os investigadores não voltaram mais. Minha vida estava maravilhosa. Agatha me adorava, pensávamos em viajar juntos. final de semana na montanha. Mas algo me incomodava. Estávamos deitados naquela cama, onde tantos outra já deitaram. Ela dormia em meu ombro enquanto eu olhava para uma pequena rachadura no espelho do teto. Como?
Como tão sublime obra pode permanecer em escondido?. Tamanha perfeição de golpes. Sincronismos, exatismos e arte transformados em sangue sobre uma cama cheia de guloseimas. Usei luva de tecido de kimono e tinha as solas do sapato raspadas, o mutchaco era da academia de Kung -Fu vizinha. As janelas estavam quebradas. O arrombamento da porta podia ser interpretado com uma violência desnecessária de um suposto assassino. um que na mesma noite havia arrombado a academia. Mas o investidagor não deu nenhuma análise.
Nenhuma análise. A sua estupidez não permitiu apreciar os detalhes. Deus está nos detalhes. Apenas colocou na ficha policial como latrocínio. Latrocínio?!
Eu nunca cometeria um latrocínio, é tão popular e baixo. Não existe o menor requinte. O charme. Sou pobre mas tenho orgulho. Além disso, Holminho, aquele imbecil, configurou como roubo seguido de morte porque uma torta de limão havia sumido. Sim eu levei a torta de limão comigo. Estava com um tremenda fome, e convenhamos que aquele gordo conhecia as melhores padarias da região.
Eu não aguentei. Não me contentava mais com os olhos desejosos de Cristie. Queria os holofotes. Tinha que ser reconhecido.
Cheguei na delegacia pela manhã, deixei Agatha dormindo na cama. Deixe a incerteza da paixão pela certeza do juízo, da inteligência e do reconhecimento. Confessei tudo. Me prenderam imediatamente. Ligaram para Agatha. Nos tivemos uma conversa franca. Eu lhe disse "Essa é minha vida!". Eu estava orgulhoso. Ela chorou, e disse que me amava. ELA ME AMAVA.
Eis que o domínio da inteligência foi curto. Me libertaram pela noite. As análises da exumação do corpo comprovaram que Sidinaldo, na verdade, havia morrido engasgado com um ossinho do presunto. Eles chegaram a me elogiar pela tentativa de salva-lo com o mutchaco. Se eu chegasse alguns segundos antes eu teria salvo ele. Me pediram desculpas. Me pediram desculpas pela Bizarrice do presunto. A estupidez é superior estatisticamente a qualquer tentativa humana de impor uma ordem racional no universo. Tentei ligar para Agatha , mas ela se recusava a receber minhas ligações. Uma semana depois os policiais vieram a minha casa me prender pelo arrombamento da academia de Kung-fu. E por roubo de Mutchaco.