“Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por compreendê-las.”
Bento de Espinosa. Filosofo

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Francisco Bruza Espinosa , Desbravador da Bahia
"Olá Leitores, Muitissimo Boa Noite, Tarde ou Manhã. Vamos dar inicio a nosso teatro de palavras, Motivados pelo nada e patrocinados pelo tudo, inclusive por sua Tia."

Tenham um bom voo

Lucas Et Cetera Proa


Magalomania é um transtorno psicológico no qual o doente tem ilusões de ser Sidney Magal, em carne e osso!

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Pureza do Pó podre.

( Esse texto tem palavras de baixo calão, e cenas que podem parecer a alguns incomodas e desnecessárias. As uso como recurso estilistíco para passar a ideía do texto. Se você discorda dessa forma de espressão melhor não ler o texto. Grato)


Deu uma pega pra relaxar. Segurou. Soltou. Nua no seu flat se olhava no espelho. Deu um trago forte. Seu corpo, formas curvilíneas de pele bronzeada mais ou menos rígida. Algumas poucas celulites na sua bunda, nada que atrapalhasse o seu efeito hipnotizante. Caminhou até a sacada, para olhar o movimento da rua. Em alguns minutos o carro esportivo viria buscá-la. uma chuva fina caia sobre sobre seu corpo, as gotas d'água rolavam pelas suas costas dando uma ótima sensação de prazer, era como se lavasse a alma. A tarde de sexta-feira brilhava em tons de roxo, púrpura e cinza, de céu de inverno, daqueles meio nublado meio aberto. Sangelina teria que trabalhar o final de semana inteiro. Ela preferia cheirar e meter. Lembrou que esse era o seu trabalho. Gargalhou sozinha.

Foi ao guarda-roupas e tirou dali algumas lingeries, mini-saias e topes. Não ia precisar de muita roupa. Olhou para a penteadeira, procurando lembrar o que não poderia esquecer mas tinha se esquecido: As pílulas anti-concepcionais e alguns cremes, principalmente o gel contra celulite. Sentiu fome, e resolveu levar umas barrinhas de cereal também. Colocou tudo numa bolsa amarela de vinil . Sentada no sofá vermelho, da mesma cor que suas unhas e seus olhos, comia um pão com geléia de frutas. Sua mente viajava longe. Seria uma grande festa, todos ricaços estariam lá. Voltaria entupida. De pó no nariz, de dinheiro no sutiã e de porra na xota. Gozo de velho rico era uma delícia, eles não davam trabalho nem estragavam a rigidez do instrumento de trabalho. Ela cuidava bem disso, pois sabia que “puta arreganhada não ganha mesada”. Fazia exercícios diários com uma bolinha azul.
O interfone tocou, Dr. Willians a esperava.

-Vamo entrando gatinha- Disse um homem gordo que vestia um terno lilás, que deveria ser bem caro, pensou Sangelina. -Quer dar uma animada? - Esticou uma nota, com uma linha branca de pó dividindo Benjamin Franklin em dois.

Entrou na Mercedes esportiva preta que tinha cheiro de carro novo com whiskey. Enquanto esticava o nariz em direção da nota, reparou nos detalhes do estofamento amarelo que combinava com a sua bolsa. - Opa, assim não. Tem que me animar primeiro. Se eu fico feliz, você também fica - Willians puxo nota e colocou sobre sua perna direita. O zíper da calça estava aberto. Sangelina entendeu, e sorriu com um olhar de profissional. Ele retrucou com um olhar de sedutor barato. Ela adorava esses joguinhos de recompensa.

Willians acelerava e Sangelina trabalhava. Estavam indo pra mais uma festinha privé do cartéu das industrias farmacêuticas. Como Mark Twain disse, “nenhum grupo de profissionais se juntam a não ser para conspirar”, o que era verdade, mas não quer dizer que apenas conspiram, o entretenimento vai muito além disso. A fórmula da festa era basicamente a mesma. Uma Mansão na beira mar, provavelmente a casa de algum CEO. Normalmente era uma das suas casas. Normalmente era a casa de qual a sua esposa não sabia existia, mas isso não era regra geral. Muitas esposas acabam adotando o estilo de vida do marido. Muitas esposas na verdade eram putas. Porque no ramo das putas tem as que alugam e tem as que vendem. Uma sortuda com certeza.- A brincadeira durava todo o final de semana, em que os Pistolões dividiam o tempo entre reuniões descontraídas e poker. Alias era assim que chamavam a festa. Tinham um nome mais delicado caso fossem grampeados, o jogo de poker.

Retocou o batom, e Dr. Willians venho lhe abrir a porta do passageiro. Abraçou-a colocando a mão na cintura, e caminharam pelo extenso jardim de um casarão de 2 andares. Uma fonte com 3 querubins ficava em frente a entrada. Na porta haviam dois seguranças. Ela conhecia os dois. Um era o Gregor. O outro ela não lembrava o nome. Não sabia porque ela lembrava o nome daquele segurança, ele não era ninguém. Willians sorriu pra eles. Viemos para o jogo de poker, disse enquanto um dos brutamontes abria a porta.

A Casa já estava cheia. Muitas mulheres, algumas conhecidas e outras eram novatas, e alguns velhos. Normalmente cada um deles levava duas. Willians era cliente fixo, só levava ela. Duas escadas retorcidas que levavam ao andar superior, aonde ficavam os quartos. O hall principal tinha um lustre de cristal e debaixo dele ficava uma mesa cheia de “graça”. Secos e Molhados.

-Vou jogar poker, daqui a pouco te encontro. Não vá ficar muito doida!- Largou-a em frente a mesa e foi para a parte esquerda da casa, onde os negócios rolavam. E ela foi fazer graça. A Festa passava muito mais rápida enquanto ela alucinava. Ela estava no meio da pista dança. Sangelina estava no meio de uma sala vermelha com decoração oriental. Tinha dragões desenhados no teto, e outros monstros orientais ao seu redor. Origamis com luzes dentro. Um homem lhe passou a mão pelo seus ombros e uma sensação quente correu pelo seu corpo enquanto ela dançava de olhos fechado. Ele desceu a mão e levantou um pouco o seu vestido. Sentiu-se desejada. Seu corpo era o seu templo. Abriu lentamente os olhos e olhou para o devoto. Não custumava a olhar para o rosto. Analisou sua roupa, seus sapatos, seu relógio. Não tinha relógio para analisar. Também não tinha aliança. Provavelmente não tinha cacife. Olhou o rosto dele. Era bonito e forte mas só ela tinha libido com dinheiro e com poder. Saiu andando.

Deu uma volta na festa andava sobre pequenas nuvens, e ali estava no topo do mundo. Rodeada de poder. Ela estava interessada em conseguir novos contatos. Rodava pela casa olhando nos pulsos. Queria encontrar Rolex, Tissot, Piaget. Se esfregou em alguns ternos. Esfregou o nariz no vidro da mesa. A festa passava e a loucura não. Mulheres. Beijos. Strip. Andou pelo gramado com um copo de whiskey na mão. Cambaleou e caiu sentada na terra. Apreciou a vista do mar. Arrepiou ao ver os iates estacionados na marina ao fundo da casa. A Noite brilhava, e a lua era enorme. A festa variava de branco para dourado para preto para vermelho para branco, a festa ia acontecendo.

Ela estava sentada no colo de Willians em uma mesa com outros homens. Ali tinha “cara” do alto escalão da polícia. Senador. Tinha vários sócios majoritários de farmacêuticas. Estavam todos dentro de um barco. A madrugada prometia uma bagunça em alto mar. Tudo era feito de mogno trabalhado e cristal. Ravel tocava o seu bolero como som ambiente. Ela ouvia a conversa deles enquanto Dr. Willians passa a mão por dentro do seu vestido preto.

-Já acertei tudo. Não vamos ter nenhum problema com isso.
-Eu ainda acho que esse remédio poderia dar muito dinheiro.
-Cara, Tá tudo no esquema já. O pessoal lá de cima não quer saber de colocar ouro nessa porra. Foda-se se é pra curar o câncer. Já imagino a merda que isso ia fazer com os investidores?
-Quanto a equipe de pesquisadores, podem ficar sossegados. O manager do projeto tem rabo preso comigo. Limpei o histórico escolar da filha dele. Coloquei ela em Havard. Uma vagabunda chupeteira em Havard.- Todos riram, mostrando os dentes amarelados de cigarro.
-Esse mundo tá perdido mesmo, só tem puta e cafetão nesse merda. “Seis” sabem que tão matando um monte de criançinhas se não liberarem essa descoberta.- Riu.
-Melhor assim deixa essas crianças viverem nesse mundo de merda. Com todos vocês vivos isso aqui não tem jeito mesmo.
-Olha tá aqui os papeis que eu tinha prometido. Tudo certo, comprei esse laudo. Resumindo ai tá dizendo que esse medicamento pra tratar cancer a base de ouro é ineficiente.Mas só vamos precisar usar se o esquema fuder. E com o nosso amigo Oswald aqui acho que ninguém vai ter cú pra tentar fuder o esquema.

Ali os pistolões deliberavam o futuro. Tinham acabado de abafar o lançamento de um remédio para a cura do câncer a base de ouro. Quem tava por trás desse putos não gostava nada da idéia de ter ouro correndo nas veias de moribundos. Eles não gostavam de imaginar qual seria o efeito econômico, preferiam abafar o caso. Qualquer hipótese de terem seus poderes abalados era suficiente para barganhar vidas por isso. Poder é o maior afrodisíaco já inventado, e mesmo assim eles usavam viagra. Pistolões.
Sangelina Votou a si. Olhava com sua pupila dilatada aquela cena. Lembrou-se do que tinha que lembrar mas havia esquecido. Denis, seu filho. Hoje era dia de visitas no centro médico. Ele tinha câncer no intestino e passava por quimioterapia. Faziam uns dois anos que ela havia perdido a guarda do menino. Foi depois que ela tentou chantagear o pai do garoto, um taxista, pra conseguir uma pensão maior. Ele usou um gravador e mostrou ao juiz da infância todas as ameaças dela. Ela amava o filho. Ela amava o luxo branco e o luxo dourado. Tentava assimilar a conversa daqueles putos. Ela errou varias vezes com seu filho. Sabia disso, sabia tão bem que não gostava de lembrar. Preferia esquecer. Ele tinha um pai que o amava. Não queria que seu filho fosse um filho da puta.
Ela gostava da sujeira, e mesmo que não gostasse já tava toda fodida. Já estava abraçada com o capeta. Estava sentada no colo dele. Tinha um pouco de dinheiro, mas nunca conseguia juntar muita coisa. Gastava no seu próprio corpo, gastava com pó e anti-depressivos. Tinha descoberto que tinha AIDS a um ano. Ia casar com um “puta-lover” ricaço, dono de uma rede de supermercados que lhe tratava como princesa. Ele pediu exame para ela. Ela descobriu o resultado e fugiu.


-Porra Osvald, Se aquele puto do pesquisador quiser embaçar se vai lá dar uma pressão nele. Porque se tá ligado, que esse intelectuais são cheios luxo. Ele vai querer o Nobel por causa do remédio.
- Se ele insistir nisso, ele vai ter é Nocú.

A reunião acabou, e como era de costume eles. Apagavam as luzes do iate. 5 putas e vários putos. O que rolar rolou. Com a luz apagada e toda aquela sensação de solidão. Sangelina imaginava eles matando o seu filho. Ele era seu lado puro. Se existiu algum dia pureza nela, ela havia deixado de herança para Denis. Ela agoniada pensou em virar a mesa. Mandar todos a merda , mas ela era apenas uma vagabunda para eles e eles eram apenas uns putos para ela. Pensou melhor. Ela gostava de joguinhos de recompensa. Ela recompensaria eles. Ai então talvez eles gostassem da idéia de pesquisar um remédio a base de ouro para o HIV.

Mordeu alguns pintos até sentir gosto de sangue. Rasgou as camisinhas. Eles adoraram, acharam ela selvagem. Fez um corte na vagina com sua unha vermelha. E arregalou. Deu pra todos. Foda-se a rigidez. Ela passou Aids para eles e se sentiu vingada. Eles queriam apodrecer a pureza que restava no mundo, como se não bastasse a suas próprias podridões. Desceu do barco, pegou um bote até a marina, e como estava tudo escuro ninguém percebeu. Pegou a chave da Mercedes preta com Gregor, que era um colega de colégio, por quem ela foi apaixonada durante muito tempo. Ela havia esquecido de suas paixões legitimas. Deu a partida no carro e foi para o hospital.

4 comentários:

Felipe, Guilherme e Paula disse...

Mano, esse conto foi bom!
Keep walking! Já sou leitor assiduo dessa porra! =D

Abraçoooo!

Unknown disse...

A ideia do texto foi bem pensada e deu para entender com facilidade no início, e o final também foi bem elaborado. As palavras de baixo calão, acredito que se encaixaram muito bem para o conteúdo vulgar do mesmo, passando a ideia do que realmente o autor queria dizer.
Um pouco perdido esse texto em algumas partes.
Sobre o conteúdo podería ser um pocuo mais realista, puta não usar camisinha já é difícil, agora, come -las sem, impossível.
Gostei da leitura, mas como disse, um pouco cansativa em algumas partes.

Erika Genovesi disse...

Um pouco Nelson Rodrigues!!! rsss
Mas bem menos cansativo! :-D
A Estória foi interessante, mesmo não fazendo meu tipo de leitura (não gosto muito do trágico popular), mas a foi muito bem colocada as situações e confesso que fiquei curiosa pra saber o final... rsss
Bjussss

Itali disse...

O linguajar me lembrou muito bukowski, e suas histórias de bebados perdedores, com a diferença de q os personagens dele nem chegam a se "vingar" dessa maneira no final, apenas continuam vagando e esperando o grande alívio q seria a morte...

gosto bastante desse estilo, entao acabei gostando do conto, tirando o titulo q acho q nao entendi.. hauhaha

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